O estorvo que é um "saco vazio"
- Robinson Silva
- 16 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de mai. de 2021
“Um país de maricas!” tem razão, Bolsonaro… “prato cheio para urubus (imprensa)”, não para inventarem histórias ou fake news como fazem alguns “por aí”, mas para novamente, mostrar a aberração transfigurada em pessoa. Esta que se fosse descrita por Suassuna, seria o personagem pastelão de alguma cidade do nordeste.
A impressionante falta de humanidade demonstrada pelo presidente, mostra não só apenas que ele desvirtua as realidades a seu favor, mas também expõe um quórum, considerável, de pessoas que, de semelhante senso, lutam para serem consideradas certas e provar que suas meias-verdades são absolutas, tentando espalhar falsos ideais de honestidade em formato de agressão e força como se fosse seu direito.
A força deste presidente vem de fontes novas, tais como: Internet e suas redes sociais e também de antigas como o “costume social e a adesão por proximidade”, ou seja, pessoas que pensam parecido, convencem outras menos esclarecidas, geralmente dentro no meio familiar, amigos e conhecidos. O grande fator para essa ausência de empatia, é que nos acostumamos com as mazelas, pobrezas, preconceitos, deixando passar na maioria das vezes e, assim, perpetuando as questões. Pouca gente se sente horrorizada quando vê ou ouve que alguém morreu numa enchente ou foi assassinada na favela, o que é preocupante. Essa já era uma observação de dez anos atrás, mas hoje, com o advento da aceleração das condições de vidas (situações em que as pessoas preocupam-se apenas num meio de coexistir o quanto puderem para criar seu filhos e dar-lhes o que for possível, muitas vezes, saltando processos importantes para seu desenvolvimento), tecnologias e exclusão social, por consequência, o noticiário está a um arraste ou um clique de sair da vista, para nunca mais ser acessado. As preocupações tornaram-se objeto totalmente individuais, podendo estar relacionada, em segundo plano, aos membros da família que moram juntos.
A verdade é que todos estamos envolvidos em tudo. Nosso desejo de prosperar, de ser bem sucedido, de segurança e paz, está intrinsecamente ligado à condução da sociedade de modo geral. Uma nação unida para um fim é mais forte e mais competitiva do que qualquer mercado, mais humana do que qualquer lição de moral. O presidente, por outro lado, não desempenha bem em nenhum campo que seja necessária a sua ação, sobretudo a igualdade e os direitos das pessoas.
Suas atitudes com a relação à saúde é trágica, é conivente com o desmatamento e criação de pastos pelos fazendeiros, assume posturas eleitoreiras e populistas utilizando programas de auxílio à população, entre muitos outros maus exemplos, a polidez de seu vocabulário como Chefe de Estado, é tão áspera que podemos ver os buracos quando começa a falar.
Obviamente, não podemos esquecer como chegou onde está.
Felizmente, existem pessoas que lutam na direção oposta e promovem a união e integração entre diversos segmentos da sociedade e suas inclusões e direitos. São organizações que se importam com a as dignidades e transformam muitas vidas ao redor.
Diversos desses movimentos, porém, são mal interpretados e alguns tornam-se radicais demais, o que promove a baixa adesão como por exemplo a luta por moradia em São Paulo. Além dos próprios participantes assíduos dessa ação, outras pessoas poderiam solidarizar-se e apoiar a causa, pois não é apenas uma questão de dar casas para as pessoas, mas de humanidade que é inerente a todos, mas pode ser oculta, escondida entre camadas e mais camadas de ignorâncias. Essa baixa aderência se dá por esses fatores e outros como a falta de comprometimento que é o fato de não ter a ver com a ideologia diretamente, portanto, não envolver-se parece uma atitude mais segura e menos comprometedora.
Mas com que devemos nos preocupar realmente é, justamente, o que convencionamos como aceitável em nossa sociedade, que, de fato, é a justiça e como ela trata a todos. Discernir os “porquês” de uns terem e mais outros menos, pouca saúde para muitos e boa saúde para poucos, diferenciar pessoas por critérios que não fazem sentido, fazer escárnio com as condições de pessoas em pior situação… é justo que ajamos dessa forma? O que você acha que é justo pode não ser para outro e vice-versa.
O humano perde sua humanidade quando acha que a justiça deve lhe favorecer.
Passamos por um período difícil ao enfrentar uma pandemia. É um momento em que temos muito a refletir sobre nosso papel como sociedade, para gerir da melhor forma que pudermos nosso senso de justiça, seja no trabalho, na academia, na rua, quando estiver com a palavra humanidade escrita de forma permanente em seu cérebro, como uma tatuagem interna, verá que no seu saco de possibilidades, só haverá ações mais justas contigo e com o outro.
Já o presidente, não é preciso muito para saber que ele e todos os seus cupinchas, atrapalham a todo mundo com seus sacos vazios.
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